“Energia Nuclear Já”: a mais nova luta de Oliver Stone
Filme estreou nos cinemas portuguesas na quinta-feira (21/11)
Oliver Stone segue tentando ser uma voz dissonante num mundo anestesiado. Desta vez, volta-se contra as gigantes do petróleo – que estariam por trás, desde os anos 50, de uma vasta campanha contra a energia nuclear, a qual seria uma fonte de energia muito mais limpa do que a oriunda do carvão e do petróleo. O registo obedece sempre o dinamismo de Stone, com uma edição veloz pontuada por todo o tipo de recursos visuais e imagens de arquivo.
Stone sustenta a tese, apresentando testemunhos e argumentos, de que a energia nuclear seria a grande salvação da humanidade no que concerne a um futuro menos poluído – já que, algo nem sempre se sabe, grande parte da eletricidade sem a qual ninguém consegue viver tem como custos enormes emissões de carbono para atmosfera. Essa é precisamente uma das raízes do problema ambiental.
A esquerda, como certas vezes ocorre, acaba ingenuamente apanhada no meio de uma guerra subterrânea que desconheciam. Aliás, desconheciam tanto o conflito como os dados científicos relativos à energia atómica. Conforme confessou há tempos um dirigente do Greenpeace, “misturamos energia atómica com guerra atómica. E cometemos um erro enorme”. Toda a contracultura andou metida no ativismo – e Jane Fonda foi particularmente vocal; grandes eventos de músicos importantes foram organizados.
Nos anos 50 não era assim: havia planos bastante otimistas para a criação de usinas que sustentariam as cidades de uma forma limpa. Foi então que o “lobby” das grandes indústrias petrolíferas entrou em cena – subornando desde ativistas conhecidos e até interferindo em relatórios governamentais. A ideia: amaldiçoar a imagem da energia nuclear.
Stone também argumenta que o caso mais grave de um acidente com energia nuclear, o de Chernobyl, teve baixas humanas bastante inferiores às que morrem todos os anos devido à poluição causada pela energia. E em Fukushima, por seu lado, foi o terremoto seguido de tsunami os responsáveis pelas mortes.
Também impressiona, independente das convicções de Oliver Stone estarem corretas, é a forma tão pouco científica como a mente coletiva funciona, assim como a maneira como se podem vender fragmentos de realidade sem qualquer base. Isso não vale apenas para o tema deste filme, mas para outras decisões chocantes que têm inundado um mundo submerso no caos das redes sociais e onde, aparentemente, só frases emocionais de oportunistas profissionais conseguem chegar.