Barbieheimer, o confronto do século

Barbieheimer, o confronto do século

Julho 17, 2023 0 Por Roni Nunes
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A coincidência que levou a Warner e a Universal explorarem uma espécie de “contra-marketing” reúne na mesma data o lançamento de dois projetos de grande disparidade – o filme inspirado na boneca Barbie e a “biopic” de Robert Oppenheimer, o “pai da bomba atómica”. Enquanto os “memes” enfileiram-se pela internet afora, há outra esperança não-declarada inerente ao “duelo”: a recuperação do próprio cinema enquanto experiência em sala – numa altura onde grandes lançamentos têm sofrido nas bilheteiras. Quem vencerá? Dia 20/07, numa sala de cinema próxima de você…

Barbie girl…

A boneca desenvolvida pela Mattel a partir de 1959 contabiliza bilhões de unidades vendidas e um sem número de atualizações vinda de demandas sociais e períodos de quebra nas vendas. 

Dar vida no cinema “mainstream” a um biotipo que anda sob fogo cruzado da Comunicação Social (mulher loura, branca, rica, fútil e “privilegiada”) pode ser um ato de coragem – maior ainda se o projeto vai parar às mãos de dois históricos do cinema “indie” – o casal Greta Gerwig / Noah Baumbach. 

A grande curiosidade aqui será descobrir o que eles fizeram com tal material. A Warner garantiu total liberdade criativa para os autores; se esperarmos pelo melhor, talvez venhamos a dar com uma comédia sutil e com uma Barbie autoconsciente e munida de ironia para açambarcar o mundo que a rodeia. 

Tem Margot Robbie e Ryan Gosling no protagonismo – ambos vivendo Barbie e Ken depois de serem expulsos do mundo perfeito das bonecas. A banda sonora reúne uma multidão de famosos liderados por Dua Lipa.

O homem que bombardeou o átomo (e os japoneses)

Uma dos capítulos mais infames da História humana foram as bombas que dizimaram instantaneamente 110 mil civis em Hiroshima e Nagasaki num tenebroso agosto de 1945. Por trás do grande feito tecnológico esteve Robert Oppenheimer, que chefiou todos os departamentos do gigantesco projeto Manhattan até que os cientistas conseguissem produzir a fissão nuclear e o artefato mais mortífero alguma vez usado. Mas isso está longe de encapsular o cientista como uma personagem fechada; antes pelo contrário, Christopher Nolan achou um mundo de ambiguidades para discutir uma pessoa complexa numa conjuntura histórica única.

Nolan, aliás, vai enfrentar nas bilheteiras a companhia com a qual conviveu por duas décadas, a Warner, a qual largou justamente em função deste “Oppenheimer” – arrancando da Universal um contrato cheio de exigências atendidas. O elenco é digno de uma jornada épica (Emily Blunt, Matt Damon, Robert Downey Jr., Florence Pugh, Josh Hartnett, Casey Affleck, Rami Malek, Kenneth Branagh) e resta saber se as três horas que Nolan pediu emprestadas aos espectadores não têm origem em impulsos megalomaníacos.