Tons políticos e forte carga social marcam Competição do FESTin; festival arranca a 14/11
O festival decorre entre 17 e 24 de novembro nos Cinemas São Jorge e Alvalade. A 12ª edição continua no formato “online” através da plataforma www.festinon.com
Já a partir de Jesus Kid, obra de Aly Muritiba apresentada este ano no Festival de Gramado, surge um retrato em forma de paródia de um Brasil “que não faz grande sentido”. Através da história de um escritor de “westerns” em dificuldade (vivido pelo ex-cantor dos Titãs Paulo Miklos) e obrigado a viver confinado num hotel, Muritiba apresenta um país de fascistas, militares, evangélicos e “coaches” embusteiros. Essa mistura, feita num momento “cheio de raiva”, conforme salientou o cineasta, cruza-se ainda com vasto leque de referências que lançam um espectro metalinguístico sobre o projeto.
Igualmente político é Curral (foto acima), mas mais dramático e com um espectro geográfico mais limitado – o interior do árido sertão nordestino. Aqui as duras regras da política local não se coíbem de deixar bairros pobres sem água, enquanto o protagonista torna-se assistente de um candidato a vereador que promete “mudar tudo”.
Da pobreza do Nordeste para a do Norte, Pureza conta a história verídica de Pureza Loiola, vivida por Dira Paes, abandonada pelo filho jovem cansado da exploração extrema do seu trabalho na fabricação de tijolos. Vai à caça da miragem do garimpo; sem notícias dele, ela viaja com seus parcos recursos, vindo a descobrir o trabalho escravo no interior do Pará. A verdadeira dona Pureza denunciou essas práticas e travou uma dura luta nos anos 90 contra essas práticas.
Já Medidas Provisórias marca a estreia na realização de Lázaro Ramos e aposta numa fábula que questiona o racismo estrutural herdado dos tempos coloniais, enquanto A Queda tem como ponto de partida uma história familiar.
Completa a Competição o português A Mulher sem Corpo, de António Borges Correia, que retrata a dura realidade da violência doméstica e é baseado em depoimentos de várias mulheres. O título refere-se ao que o autor designa por “invisibilidade das vítimas”.
No formato “online” mais 46 filmes, entre ficção, curtas-metragens e documentários poderão ser acessados através da plataforma www.festinon.com .