Titãs em Lisboa: eles não morrem… jamais!

Titãs em Lisboa: eles não morrem… jamais!

Novembro 4, 2023 2 Por Roni Nunes
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Noite amena e levemente chuvosa no início do inverno português para receber um dos maiores atos da história do “rock” brasileiro – possivelmente só encontrando rivais nos psicodélicos experimentos dos Mutantes ou na multidão de clássicos de Raul Seixas. Foram 31 músicas escolhidas para a “setlist” desse “reencontro”, que une os sete membros sobreviventes (o guitarrista Marcelo Fromer faleceu em 2001, vítima de um atropelamento) – embora Branco Mello tenha passado por uma cirurgia recente e apareceu para receber extensa ovação e tocar baixo nos números acústicos. Das incontornáveis, só “O Quê” ficou de fora.

A abertura deu-se com “Diversão”, que ostenta uma das melhores letras do grupo, e é seguida por “Lugar Nenhum” – ironicamente levando uma maioria absoluta de brasileiros “desenraizados” que quase lotavam a Pista e o Balcão 1 (só o longínquo Balcão 2 estava vazio) do Altice Arena a cantar “não sou brasileiro / não sou estrangeiro / sou de lugar nenhum!”. 

A partir daí desfilam-se os clássicos de “Cabeça Dinossauro” e “Jesus não Tem Dentes no País dos Banguelas” – com as suas letras que todo mundo sabia de cor. Num dado momento, Nando Reis percebe justamente a curiosa longevidade deste grupo de canções – mencionando que “era muito especial ver como ainda tocavam as pessoas músicas lançadas há 40 anos”. Surpreendentemente, pessoas de diferentes idades divertiam-se e cantavam, enquanto os “sessentões” Sérgio Brito, Arnaldo Antunes e Paulo Miklos dançavam e pareciam genuinamente se divertir no palco. NandoReis, Charles Gavin e Tony Bellotto continuam impecáveis – e, falando em durabilidade, a figura incrível de Liminha, o homem que é um monumento da história do “rock” brasileiro, completou a formação.

A vertente “rock” é interrompida para cinco canções acústicas – trazendo para o palco, a exemplo do que vinha acontecendo em “shows” no Brasil, Alice Fromer, filha de Marcelo, para cantar duas músicas. O grande hino da pirralhada rebelde dos anos 80, “Bichos Escrotos”, encerrou o 2ª “set” – mas a banda ainda voltou para um trio de canções para o grande final – “Miséria”, “Marvin” e “Sonífera Ilha” – “a música que nos colocou no mapa”, como disseram. A turnê intitula-se “Titãs Encontro – para Dizer Adeus”. A última parte é enganosa: os Titãs não morrem… jamais!