Os primeiros mestres da guitarra elétrica

Os primeiros mestres da guitarra elétrica

Julho 10, 2022 0 Por Roni Nunes
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CHARLIE CHRISTIAN

Um dos génios pioneiros da guitarra elétrica foi Charlie Christian, a tal ponto associado ao instrumento que um dos primeiros modelos da Gibson, o ES-250, era mesmo chamado de “a guitarra de Charlie Christian”. Dentro da lógica da demanda da ampliação dos sons da guitarra para concorrer com os instrumentos de sopro das “big bands”, o músico teve o auge da sua carreira, na virada dos anos 30, a serviço da famosa orquestra de Benny Goodman. É creditado a ele diversos pioneirismos – entre os quais as influência duradoura que exerceu no surgimento do “bebop” e dos mais diversos guitarristas a seguir. Christian teve uma morte prematura, com apenas 25 anos, de tuberculose – em 1942. Seu nome, por estas alturas, já estava inscrito na História.

1941 , “Solo Flight”:

https://www.youtube.com/watch?v=xdDqJRiP-2w

LONNIE JOHNSON

Enquanto Christian estava inserido no universo do “jazz”, Lonnie Johnson gravou uma série de “blues” para a Bluebird a partir de 1939 e, mais tarde, veio a ter grande importância que veio a ter sobre os futuros músicos – desde os “bluesmen” do Delta até os guitarristas de “rock” – passando pelo “jazz”. A Johnson é creditado mesmo a invenção do solo de guitarra nota-a-nota com o uso da palheta. Como em tantos casos, nos anos 50 foi trabalhor numa fábrica de aço, beneficiando da redescoberta ao longo da década ao apanhar o comboio do revivalismo do “blues” que se tornaria enorme nos 60s.

1942, “He’s a Jelly Roll Baker”:

https://www.youtube.com/watch?v=dvckTcZEC_g

SISTER ROSETTA THARPE

Tharpe tem uma das mais singulares histórias da música americana – de um lado totalmente imersa no universo religioso do gospel e de outro com um pé enterrado num lado mundando que deliciava os ouvintes laicos. Fruto destas contradições, a guitarrista, um prodígio que tocava desde criança, foi um sucesso instantâneo quando começou a gravar no universo da música religiosa – mas nunca abrindo mão de tocar em locais bem mais mundanos. Isso ocasionava situações curiosas, como perfomances “gospel” dentro de clubes com dançarinas muito pouco vestidas. Apesar de seus múltiplos casamentos, muito espetaculou-se sobre uma longa relação homossexual com uma cantora que descobriu e que a acompanhava nas “tours”. Mais importante, ela fazia o que mais nenhuma mulher estava habituada: tocava guitarra, um instrumento “masculino” nos anos 40, com enorme habilidade e, quando adotou a guitarra elétrica, em 1939, estabeleceu-se como uma espécie de “avó” do “rock’n’roll”.

1938, “That’s All”

https://www.youtube.com/watch?v=WoZoilbA48w

T-BONE WALKER

T-Bone Walker tornou-se um bem-sucedido “performer” a partir dos anos 20 – atingindo o pico da sua carreira na década de 1940. Foi por esta altura, entre 1946 e 1948, que gravou para a Black & White Records 40 músicas – flertando com o “bebop” e onde exibia o seu indefectível toque. Charlie Christian pode ter sido o homem da Gibson E-20, mas esteve longe de ser o único a eterniza-la. Um dos pioneiros das perfomances “rockers”, com direito a guitarras nas costas e as esparregatas celebrizadas por Chuck Berry, T-Bone Walker, trabalhou em vários grandes centros urbanos a partir dos anos 20. Os registos de Walker variavam entre um “blues” com andamento mais lento e o “bebop” – mas os seus longos solos, como o de “Mean Old World”, tornam num dos grandes a adotarem a guitarra elétrica ao longo dos anos 40.

1941, Mean Old World

https://www.youtube.com/watch?v=y1x0-AjX__M

ERNEST TUBB

Coube a este música vindo do “country” um dos primeiros solos registados. Fã de W. Rogers, morto em 1933, Tubb tentou a sua sorte na indústria ao longo dos anos 30, mas foi apenas em 1941 que a fortuna lhe sorriu – justamente com esse “standard” do “country” que vendeu mais de um milhão de cópias. A música é considerada uma das primeiras a conter um “solo” de guitarra. Fortemente associado ao rádio, permeneceria uma celebridade ao longo de décadas – dirigindo, inclusive, o seu próprio programa. Tubb confirma a enorme convergência de influências e o dinamismo da música que convergeria para o “rock’n’roll” nos 50 e que, progressivamente, esmaeceria as fronteiras entre brancos e negros que a sociedade “yankee” insistia em estabelecer.

1941, “Walking the Floor Over You” :

https://www.youtube.com/watch?v=0graOj19ti0