O mundo dos “folk tales” com flautas e guitarras está de volta: Jethro Tull em Portugal
O grupo de “rock” liderado por Ian Anderson fará um concerto em Lisboa (dia 18, Coliseu) e outro no Porto (dia 19, Pavilhão Rosa Mota)
O mundo dos “folk tales” com flautas e pesados “riffs” de guitaras está de volta. 2022 viu nascer The Zealot Gene, o primeiro álbum de originais dos Jethro Tull desde 1999 – quando foi lançado J-Tull Dot Com. Aos 74 anos, Ian Anderson retoma de forma reflexiva temas que sempre lhe foram caros – como a religião – desta vez abrindo cada letra com uma passagem da Bíblia. Não se trata de uma conversão repentina de um homem cujos universos transitaram pelos mistérios do paganismo e já que já promoveu ataques à organização institucional mas, segundo o próprio andou a dizer, também evitando a sua tendência natural a dessacralizar excessivamente as Escrituras a partir de uma leitura laica.
A julgar pelo que Anderson e a atual formação tem vindo a tocar nos concertos deste ano, The Zealot Gene poderá ter apenas a sua faixa-título executada – num alinhamento que ficará pelos velhos temas. Estes percorrem, obviamente, faixas dos seus álbuns clássicos, como a bela reinvenção de Bach (“Bourrée in E minor”, de Stand Up, obra que também fornece a faixa de abertura, “Nothing Is Easy”) ou três de Aqualung (a faixa-título, claro, mais “My God” e “Locomotive Breath”), passando por temas de uma inusitada fase eletrónica (“Black Sunday”, de A) ou duas de J-Tull Dot Com “Hunting by Numbers”, “Wicked Windows”).
Uma das grandes bandas de “rock” de sempre, os Tull foram criados nos anos 60 pelo excêntrico Ian Anderson com colegas de escola de Blackpool, cidade a norte de Liverpool. This Was, lançado em 1968, foi o primeiro e último marcado pela liderança do guitarrista Mick Abrahams, um entusiasta do “blues rock” que teria fincado pé neste tipo de registo. Mas isto estava longe dos sonhos de ecletismo de Anderson, que já liderava sozinho os Tull para consagrador Stand Up, lançado um ano depois. Para além do sucesso junto das audiências o álbum iniciou uma série que marca a fase áurea de criatividade e popularidade, sendo sucedido por Benefit, Aqualung e Thick as a Brick.