IndieLisboa 2022, os filmes: “O Jovem Cunhal”
Na ovacionada e lotada sessão no São Jorge num momento crítico do Partido Comunista Português, uma de de duas hipóteses se puseram: ou todos os militantes do PCP sobreviventes aos desastre de uma inepta gestão da imagem mediante o apoio à Rússia na invasão da Ucrânica estavam dentro da sala, ou existiram aqueles que separaram alhos de bugalhos e acharam que valia a pena prestar a vènia a Álvaro Cunhal. Desnecessário dizer, Cunhal não é apenas o maior nome histórico do partido em Portugal, mas um dos grandes resistentes à ditadura salazarista.
Suficientemente curiosa também foi a declaração de João Botelho, na apresentação do filme, onde, a propósito da questão se tratava-se de um filme de ficção ou um documentário, antes de mais nada “era cinema”. Pode-se aceitar que em termos estéticos-estilísticos “seja cinema”, mas há de se conivr que não será dos mais ambiciosos.
Dois atores (João Pedro Vaz e Margarida Villa-Nova ) vão iluminando, através de excertos bibliográficos, algumas encenações e, obviamente, imagens de arquivo, momentos da formação de Cunhal, que de filho de um advogado de Seia e uma austera mãe, parece ter herdade aquela inflexibilidade que se juntaria à convicção ferrenha na causa em que acreditava – algo não diferente de milhares de outros homens que sonharam com uma vida melhor ao longo do século XX.
Os resultados destes sonhos, especialmente no caso dos que viraram “realidade”, são um outro problema: O Jovem Cunhal não é um filme pensado para levanar questões, mas antes a apresentar-se como uma simpática celebração para convertidos. “Viva o PCP”, gritavam uns tantos, enquanto Internacional Socialista fluía naturalmente das bancadas.