IndieLisboa 2022, os filmes: “Atrás dessas Paredes”
Uma exemplificação aritmética dá conta do empenho em paralelo com uma falta de foco nunca verdadeiramente superada em Atrás dessas Paredes: Manuel Mozos e a sua equipa trataram 17 registos da memória audiovisual portuguesa, filmaram em 16 locais ao longo do país e citaram 23 textos – entre cartas de anónimos, trechos de luminares da literatura lusitana e narrativas de videos institucionais.
Entre empreendimentos económicos, edifícios públicos, mosteiros e conventos, há uma ligeira predileção por estabelecimentos prisionais e sanatórios – onde se esboça uma tentativa de retratar o sofrimento que passou por trás dessas paredes em ruínas.
No cômputo geral e mesmo com o sempre interessante recurso das narrativas em “off” não enquadradas linearmente com as imagens, tudo parece aleatório, demasiado fragmentado para atingir um nível coerente de intensidade e, eventualmente, comentar aquilo que talvez fosse o seu melhor propósito: a transitoriedade geral das sociedades humanas.