IndieLisboa 2022: arranca quinta-feira (28/04) o maior festival alternativo de Portugal

IndieLisboa 2022: arranca quinta-feira (28/04) o maior festival alternativo de Portugal

Abril 25, 2022 0 Por Roni Nunes
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O festival decorre entre 28/04 e 08/05 e tem como espaços principais os cinemas São Jorge e Ideal, a Cinemateca Portuguesa e a Culturgest.

Na nova edição optou-se por uma abertura diferente: duas curtas-metragens que remetem ao projeto Filmar, iniciativa da Cinemateca que vem reconstruindo, como base nos seus arquivos, a forma como o cinema português tem se relacionado com o mar. Uma delas é Albufeira, um vídeo turístico feito por António de Macedo, um cineasta muito castigado por alas cinéfilas ao longo da história mas que tem beneficiado de uma reavaliação nos últimos anos como um dos grandes nomes do Cinema Novo português – e uma das melhores tentativas de se fazer cinema de género em Portugal. Já José Álvaro de Morais surge com Zéfiro, obra selecionada para o Festival de Locarno em 1993. O que ambos têm um comum? Uma “viagem” ao sul de Portugal.

Entre seções paralelas e Competição Nacional de longas e curtas, o cinema português tem vasta representação – onde nomes consagrados (Manuel Mozos, Atrás das Paredes) convivem com jovens talentos (Paulo Carneiro, de Phériphérique Nord, Pedro Cabeleira, de ByFlavio). Um dos destaques é João Botelho – que apresenta na mesma edição dois novos filmes – uma ficção baseada em Alexandre O’Neill (Um Filme em Forma de Assim) e um documentário sobre os primeiros tempos de Álvaro Cunhal (O Jovem Cunhal). Mais sobre esses dois filmes aqui.

Como sempre nos festivais as seções paralelas dedicada à história da cultura são das mais agradáveis e apetecíveis – neste caso o IndieMusic adentra por um vastro espectro da história da música. Em 2022 um dos destaques é Patti Smith – Electric Poet. A sessão será em conjunta com Songs for Drella – reunindo os quatro nomes da nata “underground” nova-iorquina. Pode conhecer melhor os títulos da seção deste ano aqui.

“History of Civil War”, o filme de Dziga Vertov recuperado

A Retrospetiva debruça-se sobre alguns filmes de Doris Wishman, a rainha da “sexploitation” dos anos 60. Um texto sobre alguns dos filmes e a história da “sexploitation” dos anos 60 pode ser encontrada aqui. Uma especialista na sua obra, Peggy Awesh, estará presente no festival. Na seção Director’s Cut, por sua vez, o grande destaque é a obra restaurada de Dziga Vertov, The History of Civil War – obra de 1921 que se encontrava perdida.

Já o cinema narrativo é mais facilmente encontrado na seção Boca do Inferno – nesta edição variando fortemente o espectro geográfico: Coffin Homes vem de Hong Kong e o nome é uma irónica alusão aos minúsculos apartamentos onde as pessoas com menos condições nesta antiga babilónia británica no coração económica da Ásia; She Will vem com as honras de ter ganho um prémio em Locarno e, aparentemente, é mais uma incursão feminina no terror que acentua aspetos atmosféricos. Outros filmes igualmente promissores são a repescagem de Arrebato, clássico do terror espanhol de 1979, e Kandisha, dos criadores da iguaria sangrenta Inside, um dos grandes exemplares do “french extreme horror”.

Às competições Internacional e Nacional, de longas e curtas, mais o panorama, também competitivo, da Silvestre, são outros itens importantes da programação (que pode ser consultada em https://indielisboa.com).