
“Heavy Metal”, Obituary: morte, caos e guerra estão de volta pelos reis do “death metal”
Banda da Flórida lançou esta semana o seu 11º álbum, Dying of Everything.
Como todas as bandas que vão estabelecendo longas carreiras os Obituary sofrem dos habituais “apices” iniciais (há unanimidade em relação a Cause of Death, de 1990, e Slowly We Rot, a estreia de um ano antes, como os momentos mais altos do grupo) para uma lenta queda a seguir. Depois vêm as investidas pelo século XX adentro com alternâncias entre menos amados e surpreendentes ressurreições.
Nesta última categoria se enquadra, por exemplo, o homónimo de 2017, depois que Inked in Blood (2014) havia sido torpedeado por uns tantos (aparece em listas dos fãs como o pior álbum dos Obituary).
Seis anos depois e menos de uma semana do lançamento de Dying of Everything, ao que tudo indica no mundo do “metal” o álbum tem sido recebido com um exemplo de dignidade veterana de uma banda que já não tem muito a provar. Basta experimentar a violenta abertura com “Barely Alive”, a faixa-título, com a velocidade e o vigor dos velhos tempos, ou o petardo com o pé no “doom” que encerra os trabalhos, “Be Warned”.

A morte como vingança
A banda surgiu na Flórida numa altura dourada para um subgênero do “metal” que veio ocupar caminhos temerários ainda não explorados pelo “thrash” – numa época onde conviviam com a lama “poseur”, os aventuras de romance histórico de bandas como Iron Maiden ou as fantasias medievais do “gothic metal”, para citar apenas algumas ramificações. Numa explosão incrível, tudo isso conviveu depois de alguma forma – e continua a conviver.
Houve “ensaios” anteriores, como os ultraviolentos trabalhos dos Slayer lançados anos antes e, claro, dos patriarcas desta busca incessante por extremos, os Venom – e, antes deles, os Motorhead.
Mas foi no final dos anos 80 que os extremos começaram a ser encontrados por um punhado de bandas da ensolarada terra da Disneyland (Death, Morbid Angel, Possessed, entre outras) que ainda partilhavam uma estranha simbiose com a sombria Escandinávia – local onde também se desceu à procura das profundezas da danação.
E onde se pretendia chegar com isso tudo – mais alto, mais distorcido, mais rápido? Como todo o “rock’n’roll”, desde o princípio, a ideia era a de rebelião – mas incluindo no cardápio um intenso desejo de destruição.
Em bandas como os Obituary, embora a política, claro, não estivesse ausente, no seu amálgama tudo se juntava para uma visão pestilenta do fim da vida (o grande tema, presente no título de cinco dos seus discos e, óbvio, no próprio nome da banda) como uma espécie de vingança soberana sobre a sociedade indesejável. A morte, se não é desejável, representaria a expiação final…