Festival de Veneza: muito cinema brasileiro entre 13 filmes altamente promissores

Festival de Veneza: muito cinema brasileiro entre 13 filmes altamente promissores

Agosto 31, 2021 0 Por Roni Nunes
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Um dos “três grandes” arranca nesta quarta-feira (01/09) e decorre até dia 11.Entre três filmes brasileiros, quatro documentários e seis realizadores consagrados,  seguem 13 filmes para esperar com água na boca…

OS BRASILEIROS

A Salamandra (Alex Carvalho, Semana da Crítica)

O realizador pernambucano radicado em Londres filma a história de uma francesa de meia-idade e em crise que embarca para o Brasil. Ela desenvolve uma relação improvável e entre numa viagem de autodescoberta. O filme é inspirado num livro escrito por um adido do consultado francês no Recife, Jean-Christophe Rufin. Marina Foïs, que esteve m Polisse, de Maiwen, e recentemente na Seleção Oficial de Cannes em Divide, de Catherine Orsini, protagoniza.

Deserto Particular”, de Aly Muritiba

Deserto Particular (Aly Muritiba, Venice Days)

O realizador curitibano quase dispensa apresentações e, mal o seu Jesus Kid foi premiado no Festival de Gramado, o novo trabalho estreia em Veneza. Desta vez trata-se da história de um policial melancólico da capital paranaense que se corresponde com uma mulher na Bahia. Visto que esta é a sua única alegria, quando ela desaparece ele resolve largar tudo para investigar o caso. O filme teve filmagens em torno da usina hidrelétrica de Sobradinho – a qual, segundo o cineasta, serve de metáfora para energias reprimidas ou libertadas…

7 Prisioneiros (Alexandre Moratto, Orizzonti Extra, Sessão Especial)

Pesos pesados como Fernando Meirelles e Ramin Bahrani produzem para a Netflix essa história passada num ferro velho, em São Paulo. Nela um rapaz vindo do interior em busca de trabalho acaba por se ver vítima de um esquema de tráfico de pessoas comandado pelo personagem de Rodrigo Santoro. O filme estreia no canal de “streaming” ainda em 2021, tornando-se mais um dos vários projetos brasileiros acolhidos pela empresa.

DA VIDA DOS ARTISTAS

“Becoming Led Zepeelin”, de Bernard MacMahon

Becoming Led Zeppelin (Bernard MacMahon, Sessão Especial)

Os inícios de uma das mais amadas bandas da história do “rock” servem de ponto de partida para essa biografia que teve o apoio de Robert Plant e Jimmy Page. Assim, MacMahon mergulha numa diversidade de materiais de arquivo e entrevistas para construir os primórdios dos Led Zeppelin – no tempo em que eles eram apenas quatro rapazes que amavam a música…

Hallelujah: Leonard Cohen, a Journey, a Song (Daniel Geller, Dayna Goldfine, Sessão Especial)

A mais famosa das canções de Cohen figura no centro de trabalho de pesquisa que termina por englobar a sua história e os diversos tempos nos quais viveu. O cantor começou a carreira “tardiamente”, já com 33 anos, em 1967, tornando-se aos poucos um dos grandes poetas e intérpretes do “rock”. “Hallelujah” surge no seu álbum de 1984, Various Positions. A biografia foi autorizada por Cohen dois anos antes de morrer, em 2014.

Inferno Rosso. Joe D’Amato Sulla via dell’Ecceso (Manlio Gomarasca, Massimiliano Zanin, Sessão Especial)

Em tempos de puritanismo exacerbado, calha sempre bem mergulhar no universo da “exploitation” – um dos terrenos férteis da figura de um dos maiores produtores/realizadores de “low budget” de todos os tempos. Competindo com o espanhol Jess Franco, são atribuídos em torno de 200 filmes a D’Amato – que filmou praticamente de tudo. Em termos retrospetivos, são notórias as suas “exploitation” erótico-terroríficas como Erotics Night of Living Dead e Antropophagus.

Ennio (Giuseppe Tornatore, Sessão Especial)

O naipe excecional de entrevistados de Tornatore, entre os quais o de Bernardo Bertolucci, Marco Bellochio, Quentin Tarantino, Hans Zimmer e Oliver Stone, indica o alcance da obra de Ennio Morricone. O autor de algumas das mais famosas bandas sonoras do cinema assinou 500 trabalhos e recebeu dois Oscars. O cineasta italiano, que teve Morricone como compositor na maior parte dos seus filmes, conta episódios menos conhecidos da vida do artista falecido me julho do ano passado.

GRANDES NOMES

The Hand of God, de Paolo Sorrentino

The Hand of God (Paolo Sorrentino, Competição Oficial)

O título do filme refere-se a ninguém menos que Diego Maradona e a sua “mão de de Deus”. O enredo aborda a “coming-of-age” de um adolescente cuja vida é drasticamente modificada por um acidente e por ter sido salvo… por Maradona. Conforme Sorrentino recorda, a vida de Nápoles parou quando foi anunciada a chegada do craque à equipa da cidade, em 1989. Tony Servillo, astro da obra-prima The Great Beauty, marca presença.

The Power of the Dog (Jane Campion, Competição Oficial)

Uma dupla de protagonistas de luxo (Benedict Cumberbatch, Kirsten Dunst) para contar a história de dois irmãos, ambos ricos fazendeiros no Montana do ano de 1925. Cumberbatch é cruel, mas começa a desenvolver sentimentos pela esposa do irmão. Haverá espectativas maiores da produtora relativo aos Oscars, já que o filme será lançado em algumas salas nos Estados Unidos em novembro antes de estrear na Netflix.

“The Power of the Dog”, de Jane Campion

Spencer (Pablo Larraín, Competição Oficial) (foto de abertura)

Se imitou bem a princesa Diana, Kristen Stewart corre o risco de se sair galardoada nos Oscars, já que a Academia costuma gostar de uma boa mímica. Essa é a aposta dos envolvidos, que lançam o filme nos Estados Unidos no final do ano. Como quem está no comando é o grande realizador chileno Pablo Larraín, pode se esperar o melhor desta especulação sobre o final de semana no qual a princesa anuncia a sua decisão de se divorciar de Charles.

The Card Counter (Paul Schrader, Competição Oficial)

Quatro anos depois de ter alcançado a sua primeira nomeação aos Oscars com o muito elogiado First Reformed, Schrader retorna com esse projeto de produção acidentada – cancelada durante três meses em 2020 devido à pandemia. O filme conta a história de um ex-interrogador militar assombrado pelas as suas ações passadas e convertido num pequeno apostador. A coprodução executiva é de Martin Scorcese e Oscar Isaac lidera o elenco.

Madres Paralelas”, de Pedro Almodóvar

Madres Paralelas (Pedro Almodóvar, Competição Oficial)

Com as honras de abertura fica o novo projeto do realizador espanhol. A história traz a consagrada Penélope Cruz e a jovem Milena Smit como duas mães que se conhecem casualmente no hospital pouco antes de darem à luz. Essa conversa criará laços que mudarão as suas vidas de forma inesperada e incontornável. Segundo Almodóvar, é um filme sobre “ancestrais e descendentes, sobre a verdade do passado histórico e da mais íntima verdade dos personagens. Fala sobre identidade e paixão maternal”.

Dune (Dennis Villeneuve, Sessão Especial)

No universo do entretenimento popular, a versão de Villeneuve para o clássico da “sci-fi” de Frank Herbert é o mais aguardado. Um elenco estelar para três horas de filme, que contam a jornada heroica de um jovem prodígio que tem de se dirigir ao planeta mais perigoso do universo para salvar o seu povo.  Num “statement” em defesa daquele que se pretende como espaço privilegiado para o filme circular, o cineasta disse que “Dune foi sonhado para uma experiência em sala. O grande ecrã não é apenas outro formato, é aquele que está no cerne da linguagem cinematográfica. A forma original. Aquela que tem sobrevivido à passagem do tempo”.