Doclisboa 2022: “The Fire Within: Requiem for Katia and Maurice Krafft”
Cineasta seduzido por naturezas grandiosas e aventuras não menos gigantescas dos humanos a enfrentá-las, o grande Werner Herzog desta vez deixa-se encantar e limita-se a construir na montagem um filme com o arquivo de imagens dos vulcanólogos Katia e Maurice Krafft.
Se as vidas humanas tivessem conclusões à moda da ficção, o casal teve o epitáfio condizente, por onde a aventura de Herzog começa, ao morrer quando esperavam por melhores momentos para filmarem o vulcão Unzen, no Japão, em 1991. Surpreendidos por um fluxo piroclástico (nuvem de gases altamente tóxica e quente que se desloca a alta velocidade depois de expelida pelo vulcão), faleceram junto de equipas de comunicação nipónicas.
A partir daí, o filme embrenha nas filmagens de alta periculosidade que podiam ter selado muito antes o fim dos Krafft. Como, felizmente, tal não aconteceu, há momentos embalados à ópera onde Herzog simplesmente abandona qualquer comentário para deixar imagens impressionantes tomarem conta do grande ecrã por vários minutos – onde vulcões e lugares incríveis compõe as entranhas do violento poderio de fenómenos naturais incontroláveis.