Dez obras concorrem aos Oscars de Melhor Filme. Para onde vão os Oscars este ano?
Na categoria Melhor Filme, dez trabalhos comentam à sua maneira o estado do mundo e da indústria do cinema.
Avatar e Top Gun foram os dois grandes reis das bilheteiras no ano que passou – algo que se torna mais relevante do que nunca para a sua inclusão na lista final dos Oscars dados os imensos desafios encontrados pelo cinema em sala na atualidade.
Mas, enquanto o primeiro goza de um entusiasmo modesto (James Cameron sempre foi melhor criador visual do que contador de histórias, diz o André Gonçalves), Top Gun foi um surpreendente consenso depois desta inusitada ideia de recriar um filme popular dos anos 80 com o mesmo ator, quase 40 anos depois, no protagonismo.
Ainda nos bem-sucedidos nas bilheteiras, Everything, Everywhere all at Once ameaça fazer mossa e, eventualmente, ficar com o prémio máximo. Isto seria um feito curioso para essa espécie de versão abandalhada de Matrix, onde a “escolhida” (Michelle Yeoh) para salvar o mundo o é por nunca ter feito nada de jeito na vida. Com extraterrestres, deslocações no espaço, multidimensões e outros artifícios de ficção científica usado em jeito de paródia, é também um filme sobre relações familiares – onde Yeoh deverá “matar” um dos muitos “clones” que podem, ou não ser a sua filha – a encarnação do mal.
Elvis, por seu lado, beneficiou dos floreios estilísticos mais comedidos de Baz Luhrman e, de um lado, escapou ao formato “biopic” hollywoodiano – ao mesmo tempo que alcançou umas tantas sequências de intensidade notável. Num plano completamente diferente, numa ilha remota irlandesa, Banshees of Inisherin começa no humor e termina no “gore”, numa abordagem entre o trágico e o irónico sobre a vida de uma aldeia.
Sofrimentos injustos
Na categoria “sofrimentos injustos” na bilheteira Tár e The Fabelmans ficam com a taça – especialmente porque ambos estão entre os melhores desta lista. Tár ousou abordar, em grande estilo e a contar com Cate Blanchett numa forma superior a todo o resto, o tema do assédio pelo lado feminino – rompendo com a banalidade habitual com a qual os “media” tratam do tema do assédio.
Já Steven Spielberg retornou com um dos seus trabalhos mais elogiados dos últimos anos – um registo semi-autobiográfico que, coroando um longo percurso na sétima arte, debruça-se sobre as origens do cinema na sua vida.
A correr por fora, Triangle of Sadness chega com o “pedigree” da Palma de Ouro em Cannes e tem conseguido de levar, para um público casual, uma narrativa “tripartida”, um sarcasmo escatológico, uma crítica política com algumas boas piadas
Da Netlix, por seu lado, vem a bela abordagem de All the Quiet on the Western Front, onde as cenas de ação se intercalam com a repescagem do humanismo fundamental do clássico literário de Erich Maria Remarque.
Women Talking, de Sarah Polley, puxa o cartão da agenda feminina e da representatividade, independente de seus méritos artísticos. O filme inspira-se num acontecimento real, na Bolívia em 2010, onde mulheres encerradas numa comunidade religiosa são drogadas e violadas pelos homens do grupo. Quando estes abandonam o local por dois dias, as mulheres “conversam” no celeiro sobre o seu destino – e tem de decidir entre resistir, não fazer nada ou fugir.
Confira também a coqueluche “indie” do ano e que chega aos Oscars (Aftersun) e o forte candidado a Melhor Filme de Animação, Pinoquio.
Os meus preferidos para melhor filme: The Fabelmans e Nada de novo no Front
Sim, são os melhores – aos quais acrescentava o “Tár”.