Dez obras concorrem aos Oscars de Melhor Filme. Para onde vão os Oscars este ano?

Dez obras concorrem aos Oscars de Melhor Filme. Para onde vão os Oscars este ano?

Março 11, 2023 2 Por Roni Nunes
Partilhar

Na categoria Melhor Filme, dez trabalhos comentam à sua maneira o estado do mundo e da indústria do cinema. 

Avatar e Top Gun foram os dois grandes reis das bilheteiras no ano que passou – algo que se torna mais relevante do que nunca para a sua inclusão na lista final dos Oscars dados os imensos desafios encontrados pelo cinema em sala na atualidade. 

Mas, enquanto o primeiro goza de um entusiasmo modesto (James Cameron sempre foi melhor criador visual do que contador de histórias, diz o André Gonçalves), Top Gun foi um surpreendente consenso depois desta inusitada ideia de recriar um filme popular dos anos 80 com o mesmo ator, quase 40 anos depois, no protagonismo.  

Ainda nos bem-sucedidos nas bilheteiras, Everything, Everywhere all at Once ameaça fazer mossa e, eventualmente, ficar com o prémio máximo. Isto seria um feito curioso para essa espécie de versão abandalhada de Matrix, onde a “escolhida” (Michelle Yeoh) para salvar o mundo o é por nunca ter feito nada de jeito na vida. Com extraterrestres, deslocações no espaço, multidimensões e outros artifícios de ficção científica usado em jeito de paródia, é também um filme sobre relações familiares – onde Yeoh deverá “matar” um dos muitos “clones” que podem, ou não ser a sua filha – a encarnação do mal.

Elvis, por seu lado, beneficiou dos floreios estilísticos mais comedidos de Baz Luhrman e, de um lado, escapou ao formato “biopic” hollywoodiano – ao mesmo tempo que alcançou umas tantas sequências de intensidade notável. Num plano completamente diferente, numa ilha remota irlandesa, Banshees of Inisherin começa no humor e termina no “gore, numa abordagem entre o trágico e o irónico sobre a vida de uma aldeia.

Sofrimentos injustos

Na categoria “sofrimentos injustos” na bilheteira Tár e The Fabelmans ficam com a taça – especialmente porque ambos estão entre os melhores desta lista. Tár ousou abordar, em grande estilo e a contar com Cate Blanchett numa forma superior a todo o resto, o tema do assédio pelo lado feminino – rompendo com a banalidade habitual com a qual os “media” tratam do tema do assédio. 

Steven Spielberg retornou com um dos seus trabalhos mais elogiados dos últimos anos – um registo semi-autobiográfico que, coroando um longo percurso na sétima arte, debruça-se sobre as origens do cinema na sua vida.

A correr por fora, Triangle of Sadness chega com o “pedigree” da Palma de Ouro em Cannes e tem conseguido de levar, para um público casual, uma narrativa “tripartida”, um sarcasmo escatológico, uma crítica política com algumas boas piadas 

Da Netlix, por seu lado, vem a bela abordagem de All the Quiet on the Western Front, onde as cenas de ação se intercalam com a repescagem do humanismo fundamental do clássico literário de Erich Maria Remarque.

Women Talking, de Sarah Polley, puxa o cartão da agenda feminina e da representatividade, independente de seus méritos artísticos. O filme inspira-se num acontecimento real, na Bolívia em 2010, onde mulheres encerradas numa comunidade religiosa são drogadas e violadas pelos homens do grupo. Quando estes abandonam o local por dois dias, as mulheres “conversam” no celeiro sobre o seu destino – e tem de decidir entre resistir, não fazer nada ou fugir. 


Confira também a coqueluche “indie” do ano e que chega aos Oscars (Aftersun) e o forte candidado a Melhor Filme de Animação, Pinoquio.