A Idade do Bronze: o milagre da metalurgia na Antiguidade Oriental
Durante os Impérios da Idade do Bronze (aproximadamente 3300–1200 a.C.), numa efeméride provavelmente acidental, os humanos perceberam que a fusão do estanho misturado com a já conhecida metalurgia do cobre, permitia a produção de uma liga muito mais maleável e utilizável: a do bronze. Pode ler sobre a forma como os antigos conseguiram a façanha aqui.
A época dos grandes reinos da Mesopotâmia e do Egito, com a contribuição no período final dos povos semitas (fenícios e hebreus), foi um período extraordinário de inovações. Os povos que inventaram as cidades, a escrita, criaram vastas redes de comércio e desenvolveram os primórdios da ciência, também estiveram por trás de outro dos mais revolucionários eventos de sempre – a metalurgia.
Descoberta acidental
Inicialmente houve a era do cobre, encontrado facilmente na natureza e utilizável para a indústria após uma fusão a 1080 graus. Mais tarde, no entanto, num processo que durou centenas de anos, ocorreu a descoberta, provavelmente acidental, de que o estanho fundido a 232 graus transformava-se num líquido que, junto do cobre, proporcionava uma liga muito mais maleável, resistente e de vasta aplicabilidade – servindo desde utensílios domésticos até a fabricação de armas.
O impacto foi enorme na agricultura, na guerra e no avanço geral das civilizações antigas – para além daquilo que possibilitou em termos de criação de artefatos culturais e religiosos, como esculturas, utensílios de culto e adornos. Esses itens desempenharam um papel importante nas práticas culturais e religiosas e ajudaram a definir a identidade cultural das civilizações.
Os povos da Mesopotâmia, como os sumérios e acadianos, foram alguns dos primeiros a adotar a metalurgia do bronze – por volta de 3000 a.C. No Egito, a tecnologia começou a se desenvolver por volta de 2000 a.C., com a dinastia do Império Médio. Os hititas e os povos da região de Hattusa, tal como os do Levante, também estiveram associados à produção e comercialização. Em algumas áreas mais periféricas do Oriente Próximo, o bronze chegou mais tarde ou em menor escala. As regiões montanhosas e mais isoladas tiveram uma adoção limitada da tecnologia.
O comércio
Diferente do cobre, no entanto, o estanho era raro na Mesopotâmia, o que motivou o surgimento de estradas e incremento das trocas comerciais para importá-lo da Anatólia – constituindo a Rota do Bronze. O comércio do metal e dos minerais associados se tornou uma parte crucial da economia regional, incentivando a interação entre diferentes culturas e civilizações.
O Mediterrâneo tornou-se uma rota comercial chave, com navios transportando estanho entre o Oriente Próximo, o Mar Egeu e as civilizações europeias ocidentais. Ugarit, no atual território da Síria, foi um dos principais portos comerciais onde o estanho era distribuído para outras partes do Oriente Médio.
Leia mais aqui: O milagre da metalurgia: como os povos da Idade do Bronze fundiam os metais