40 filmes importantes de 2022
Seja nas bilheteiras, no “streaming”, nos festivais de cinema e entre as hostes cinéfilas, seguem alguns dos filmes de maior impacto em 2022. A organização dos títulos não segue, propositadamente, nenhuma ordem – o objetivo também passa por cristalizar a diversidade estética do cinema e alcançar todos os gostos.
Top Gun: Maverick
Ninguém esperaria uma bilheteira digna dos filmes de super-heróis nesta sequela de um velho clássico popular de 1986. Pelo caminho ficou provada a longevidade de Tom Cruise no imaginário dos espectadores, cujo personagem, 30 anos depois, tem de enfrentar os demónios do passado numa nova missão. Mais sobre o filme aqui.
Crimes of the Future
O grande David Cronenberg voltou a registos mais extremos, a revisitar o “body horror” que o tornou célebre. O mundo bem precisava. Apesar do título, o projeto não tem nenhuma relação com a sua obra de estreia, do longínquo ano de 1970 – aqui num universo onde os humanos estão adaptados a um ambiente artificial.
Blonde
Se houvesse balizas confiáveis para uma medição, essa “biopic” sobre Marylin Monroe garantiria, provavelmente, o título de filme mais controverso do ano. A grande musa dos 50s tinha também uma mentes das mais perturbadas. O realizador Andrew Dominik revelou outro trabalho interessante este ano (This Much I Know to Be True)– desta vez sobre outra mente inquieta, a de Nick Cave. Mais sobre o filme aqui.
Holy Spider
De Cannes saiu um tipo de registo diferente de “cinema iraniano” – até porque é um coprodução entre países europeus. Ali Abassi, que cresceu e formou-se na Suécia, aborda um “serial killer” do Irão que arriscou-se a tornar-se celebridade por matar prostitutas – um trabalho de “limpeza”. Dada a realidade iraniana, está mais atual do que nunca..
Everything Everywhere All Once
Da produtora mais badalada dos últimos anos, a A24, saiu o primeiro filme da empresa a passar os U$ 100 milhões de bilheteira mundial. Aventura e ficção científica, num projeto originalmente pensado para Jackie Chan e que teve Michelle Yeoh no protagonismo.
Resurrection
Terror psicológico particularmente bem-recebido e uma boa oportunidade para os talentos de Rebecca Hall. Ela tem a sua vida sob controle até ressurgirem terrores do passado personificados em Tim Roth.
Hustle
Grande sucesso do “streaming”, possibilitando a Adam Sandler conseguir o que nem sempre é possível para ele: ser levado a sério. Desta feita ele é um olheiro de basquete que vai a Espanha atrás de um jovem talento – lutando para mantê-lo no caminho certo a partir daí.
Bones and All
Do italiano Lucas Guadagnino pode-se esperar de tudo, inclusive uma história de canibais. Ele nunca deixou ninguém indiferente com a intensidade de obras como A Bigger Splash, Call me by your Name e o seu controverso “remake” de Suspiria…
Leyla’s Brother
A ditadura iraniana não dá tréguas ao vigoroso cinema do país o qual, por seu lado, continua a bater-se contra o terrível regime. Aqui as polémicas entre ambos chegaram novamente às passadeiras vermelhas de Cannes, onde estreou essa obra que narra a história da personagem-título – uma mulher que luta para criar um empreendimento que possibilite aos seus irmãos lutar pela segurança financeira. Foi proibido no Irão.
Pinocchio
Guillermo del Toro achou coisas novas para dizer sobre a eterna história de Carlos Collodi, que completa 140 anos em 2023. Tanto que a versão é bastante livre e o pano de fundo histórico é modificado – situando as aventuras do boneco de madeira criado por um amargurado Gepetto durante a 1ª Guerra Mundial e as duas décadas seguintes.
Smile
Um dos filmes de terror de maior bilheteira do ano e, provavelmente, a com campanha de “marketing” mais agressiva – há de ficar na memória os figuras com sorrisos sinistros encontradas em meia a multidões de adeptos de futebol… O enredo gira em torno de uma terapeuta que, após testemunhar um bizarro acidente, passa a experienciar horríveis acontecimentos que não consegue explicar.
All Quiet in the Western Front
Um dos grandes clássicos da literatura (Erich Maria Remarque) e do cinema (versão de 1930) ganhou novo fôlego pelas mãos da Netflix – mostrando a contemporaneidade das versões anteriores como um manifesto contra o absurdo da guerra. Terminou por ser o filme escolhido pela Alemanha para os Oscars em Língua Estrangeira.
The Whale
O que trouxe desta vez o inquieto Darren Aronofsky? Depois das controvérsias de Mother, o cineasta de The Black Swan e The Fountain apresenta Brendan Fraser no papel de um homem com obesidade mórbida que vive isolado ao mesmo tempo que tenta reaproximar-se da sua filha.
Triangle of Sadness
A carreira do sueco Ruben Östlund (Force Majeure, The Square) continua imparável e Triangle of Sadness foi o grande vencedor da última edição do Festival de Cannes – repetindo cinco anos depois o feito de The Square. Desta vez ele decidiu focar-se de forma satírica na vida de pessoas ricas.
Doctor Strange in Multiverse of Madness
Desta vez o herói tem de enfrentar a si próprio (ou imagens dele) enquanto vê em sonhos uma adolescente. Foi um dos “blockbusters” mais bem-sucedidos do ano .
Pacification
Um dos fetiches cinéfilos de 2022 – certamente não para todos (três horas de um realizador, Albert Serra, normalmente pouco preocupado com velocidade e narrativas lineares) – aqui abordando um político francês nas terras (e águas) do Taiti.
Tar
Sobre os enormes talentos de Cate Blanchett já não há muito a acrescentar. Desta vez ela encarna a controversa Lydia Tar, a primeira mulher a conduzir uma orquestra. O problema é que nesta história contada por Todd Field nem tudo se resume a talento e o filme retoma o tema do assédio com base no poder com a variação de que, neste caso, trata-se de uma mulher na posição de comando.
No Bears
O nono filme de Jafar Panahi, que a estas alturas coleciona em simultâneo uma gloriosa carreira nos festivais internacionais com sucessivas ordens de prisão por “propaganda contra o regime” (o do Irão). No caso da última sentença, foi condenado há seis anos e falhou a presença no Festival de Veneza, onde o filme foi lançado. A obra trata de perambulações de Panahi a tentar fazer um filme na fronteira com a Turquia. É a única obra de 2022 a atingir os 100% de aprovação no agregador de críticas Rotten Tomatoes.
Nope
Jordan Peele continua em alta e, depois de Get Out e Us, retorna com essa história onde um homem e a sua irmã que vivem no campo, onde criam cavalos, testemunham coisas estranhas a cair do céu – ocasionando a morte do pai. Peele mistura ficção científica, terror e “western”. Mais sobre o filme aqui.
Aftersun
Estreada na Semana da Crítica, em Cannes, o filme veio a ser um dos grandes sucessos de crítica do ano. A obra da britânica Charlotte Wells narra as perambulações de um pai e uma menina num “resort” na Turquia.
The Black Phone
Scott Derrickson voltou a fazer a parceria de Sinister com Ethan Hawke, alcançando um dos grandes êxitos do ano no espectro terrorífico. Desta vez Hawke é um sequestrador de jovens – mas a última delas consegue contatar as vítimas anteriores através de um estranho telefone.
EO
O veterano Jerzy Skolimowski encontrou novo fôlego para a sua carreira a partir de 2008, depois de 17 anos de hiato. EO foi um dos filmes de maior impacto da última edição do Festival de Cannes e traz, de forma alegórica, uma visão não propriamente animadora da Europa – abordada na trajetória de um burro que, nas suas perambulações, encontra boas e péssimas pessoas.
Black Panther: Wakanda
Sequela de Black Panther (2018) que contorna a morte prematura do seu protagonista, Chadwick Boseman, optando por não substituí-lo. Caberá assim aos líderes de Wakanda protegerem o reino. As três horas de duração não foram problema para o público, que tornou o filme numa das maiores bilheteiras do ano.
The Banshees of Inisherin
Um dos grandes destaques da última edição do Festival de Veneza. O irlandês Martim McDonagh (In Bruges, Seven Psychopaths) cria um drama a partir de uma premissa simples – dois amigos de longa data deixam de se falar por decisão repentina e inexplicada de um deles. O filme tem gozado de grande consenso crítico.
Thor: Love & Thunder
Christian Bale é o grande vilão da história, cujo objetivo é acabar com os deuses todos. Termina é por tirar Thor do sossego nesta mistura de ação e efeitos visuais que, em simultâneo, apresenta grandes doses de humor. Sequela de Thor: Ragnarok, de 2017, funcionou bem nas bilheteiras.
Alcarrás
A cineasta Carla Simón levou para casa o Urso de Ouro na última edição do Festival de Berlim. Ela aqui segue, utilizando atores não-profissionais, uma família da Catalunha e os seus dramas económicos após o fim da atividade agrícola da qual viviam.
Decision to Leave
Um dos mais reconhecidos cineastas sul-coreano fora do seu país, Park Chan-wook (Oldboy, Snowpiercer) retorna com outro drama policial – desta vez marcado por romance. Este liga um detetive que investiga uma morte misteriosa nas montanhas e a mulher do homem falecido.
The Fabelmans
Steven Spielberg mete-se por caminhos autobiográficos para retratar a vida, entre os 7 e os 17, de um menino do Arizona, a sua paixão por cinema e o apoio da mãe. Promete ser um dos consensos de 2022. Mais sobre o filme aqui.
Speak no Evil
Impressionante filme holandês com uma fábula perversa que serve como uma espécie de metáfora para a apatia do “cidadão civilizado”. O último terço está como um dos momentos mais extremos e duros de se ver de 2022.
Elvis
O estilo barroco de Baz Luhrman (Moulin Rouge, The Great Gasby) desta vez está ao serviço de uma “biopic” sobre Elvis Presley – cobrindo a sua vida desde os primórdios até ao fim dos anos 50. A obra debruça-se sobre a complexa relação entre Elvis e o seu empresário, o cel. Tom Parker.
Barbarian
Outro dos grandes sucessos terroríficos do ano – daqueles com baixíssimo orçamento e elevada rentabilidade. A história gira em torno de uma mulher que aluga uma casa através do Airbnb – apenas para descobrir que o local já estava ocupado. Chove lá fora e ela aceita o convite para passar a noite… Um “twist” potente aguarda o espectador.
Argentina, 1985
A Argentina teve a par do Chile a mais violenta e suja ditadura contemporânea – mais especificamente a que durou entre 1976 e 1983. Em 1985, chegou a hora dos culpados irem para o banco dos réus. Esse episódio é recriado com Ricardo Darín a liderar a grande equipa de magistrados que tenta fazer justiça. O filme já chegou a lista de dezembro nos indicados a Melhor Filme em Língua Estrangeira nos Oscars.
The Batman
O super-herói que traz consigo os desejos de seriedade das fantasias da Warner e a sua própria herança – transformada por uma aura negra que remete às recriações de Frank Miller e Alan Moore a meio dos 80s. Desta feita o adversário é o Riddle (Charada, no Brasil), cujos enigmas assumirão proporções catastróficas. Mais sobre o filme aqui.
Moonage Daydream
Pegando emprestado o título de uma das mais fabulosas canções de David Bowie, o filme divide em três partes a longa história do mítico cantor inglês – falecido em 2016 aos 69 anos. Os inícios em Inglaterra o “glam rock”, a enorme influência da cultura germânica na sua fase berlinense e os anos mais “pop” que vieram a seguir.
Avatar: the Way of Water
James Cameron retorna às lides de Avatar 12 anos depois do projeto original cheio de ambição – planeando uma série que pode chegar a cinco filmes – onde o 2º e o 3ª já têm luz verde.. Enquanto nada disto chega, “o caminho da água” e as suas mais de três horas de filme passam por Jake Sully (Sam Worthington), que tem de enfrentar uma nova ameaça e defender a família.
All the Beauty and the Bloodshed
O grande vencedor do Festival de Veneza reúne a lendária e controversa fotógrafa Nan Goldin como personagem e a premiada Laura Poitras (Citizenfour) como realizadora. Um dos focos é a guerra movida por Goldin contra a família Sackler, num escândalo que remete a 2017, pela produção do medicamento no qual a artista foi viciada sem saber devidamente os efeitos colaterais do produto.
Glass Onion: the Knives out Mistery
Daniel Craig encarna novamente o detetive do primeiro filme – obra que agora migra da Lionsgate para a Netflix. A gigante do “streaming” já tem a ideia de um terceiro lançamento daquilo que pode virar uma série. Neste, Craig vai à Grécia investigar um bilionário da tecnologia que lá vive numa mansão. Recém-lançado, já se tornou um sucesso de fim de ano.
Close
Outro daqueles que partiram de Cannes para um trajeto promissor – neste caso a forte probabilidade de representar a Bélgica na lista final dos nomeados aos Oscars para Melhor Filme em Língua Estrangeira. Lukas Dhont, vindo do grande impacto de Girl, lançado em 2018, foca-se na forte amizade entre dois meninos – cujo vínculo começa aos poucos a torná-los objetos de comentários no local onde vivem.
Jurassic World: Dominion
O filme encerra a segunda trilogia que teve como ponto de partida o filme realizado por Steven Spielberg em 1990. O enredo passa-se quatro anos depois de Jurassic World: Fallen Kingdom e mostra os humanos a conviver com os dinossauros na Terra. Extremamente bem-sucedida, foi a terceira maior bilheteira mundial em 2022.
Bardo, False Chronicle of a Handful of Truths
Alejandro G. Iñarritu (21 Grams, The Revenants) retorna ao México 22 anos depois da estreia com o estupendo Amores Perros. O enredo fala mesmo de um retornado – que experiencia uma crise existencial através de sonhos e pesadelos.